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Pateta: O Comunista Mais Inesperado da História da Disney?

 

1. Quando o Pateta parece “inocente demais”…

Hoje eu vou revelar para você uma tese que, à primeira vista, parece completamente absurda: o Pateta — sim, aquele Pateta da Disney — talvez seja um safado comunista infiltrado. Antes que você feche esse texto achando que eu perdi a sanidade, pense comigo: como que um personagem de uma empresa tão capitalista como a Disney poderia carregar mensagens de crítica social tão afiadas? Pois é justamente quando voltamos para os curtas dos anos cinquenta que começamos a perceber que tem algo ali. Para quem vive num bunker e nunca ouviu falar dele, Pateta surgiu em mil novecentos e trinta e dois como “Dippy Dawg”. Só dois anos depois passou a ser oficialmente o Pateta que conhecemos. Até aí nada demais — mas a história muda quando vemos sua transformação nas décadas seguintes.

2. A década que mudou tudo

Nos anos cinquenta, algo curioso começa a acontecer com as suas animações. Aquele Pateta que funcionava só como alívio cômico passa a protagonizar histórias com tons muito mais críticos. Um dos exemplos mais conhecidos é Motormania, onde o personagem se transforma em um completo babaca ao volante. A graça, claro, está no exagero, mas existe ali um comentário sobre a sociedade americana, sobre a violência no trânsito e sobre a natureza contraditória do “cidadão de bem”. E não era só ele: quase todos os coadjuvantes tinham aquela mesma cara patética. A piada já não era sobre um indivíduo atrapalhado, e sim sobre a sociedade inteira.

3. O clima político dos EUA deixa tudo mais suspeito

Agora pense no contexto: estamos falando dos anos cinquenta, auge do macarthismo, quando Hollywood vivia caçando qualquer suspeita de comunismo. Críticas ao estilo de vida americano? Só em segredo. Foi justamente nesse ambiente tenso que muitos artistas tiveram que usar metáforas e alegorias para falar o que não podiam dizer abertamente. E é aí que o Pateta renasce com um tom inesperado. Seus curtas começam a expor, de forma muito suave, mas muito inteligente, comportamentos destrutivos, a paranoia anticomunista, a obsessão por produtividade, a violência urbana e até a fragilidade emocional do homem americano.

4. Não dá para ignorar as influências comunistas

E tem mais: parte disso é consequência direta da famosa greve dos animadores da Disney em mil novecentos e quarenta e um. Um movimento tão forte que marcou profundamente o estúdio — incluindo figuras importantes que mais tarde foram trabalhar na UPA, um grupo de artistas considerados comunistas pelo governo americano. A UPA produziu obras extremamente modernas e críticas, como as animações de Mr. Magoo. Essas inovações acabaram influenciando os animadores que ficaram na Disney, especialmente Jack Kinney, que assumiu os curtas do Pateta. A partir daí, o personagem virou literalmente um “filósofo patético” usado para comentar a vida moderna.

5. As animações que entregam o jogo

Quando analisamos alguns curtas-chave, a coisa fica ainda mais evidente. Motormania critica o cidadão americano médio — algo ousado para a época. Já Cold War, de mil novecentos e cinquenta e um, usa um simples resfriado para ironizar o medo do “vermelho”, colocando o nariz avermelhado do Pateta como território “infectado”. A explosão em forma de cogumelo quando o remédio cai na pia? Nada sutil. Até a figura da esposa controladora, que resolve tudo com métodos invasivos, pode ser vista como uma crítica ao modelo de família idealizada da época. Não é exagero dizer que esses curtas são quase pequenas bombas satíricas embaladas em comédia inocente.

6. No final das contas, Pateta é… um crítico social?

Então, será que o Pateta era comunista? Talvez literalmente não — mas como símbolo cultural, ele se tornou um canal perfeito para mostrar que o cidadão americano não era tão perfeito quanto o país queria parecer. Esses curtas dos anos cinquenta revelam um personagem capaz de expressar, por humor, aquilo que não podia ser dito diretamente. Ele questionava o consumismo, a violência, o trânsito caótico, a paranoia anticomunista e até o ideal de produtividade que empurrava trabalhadores à exaustão. No fundo, o Pateta representava não uma rebelião ideológica, mas uma autocrítica rara: a consciência de que a própria sociedade era… patética. E talvez isso seja ainda mais subversivo do que qualquer bandeira vermelha.

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